sábado, 28 de novembro de 2009

Mídia Negativa - Alto Paraíso de Goiás



Ao não informar bem a população, a mídia pode causar muitos impactos negativos em um destino turístico. Por isso ela deve rever a responsabilidade da sustentabilidade do local promovendo uma divulgação positiva do destino. Este post fala sobre a que formato as mídias impressa e televisada se portaram ao tratar da área turística de Alto Paraíso de Goiás, por ocasião do fato, em janeiro de 2000 , quando a cidade sofreu com a publicação de matérias com informações apontando turistas contaminados pela Febre Amarela, com foco atribuído à cidade.

Algumas regiões turísticas, centros de turismo receptivo, sofrem impactos causados por fenômenos naturais ou pela intervenção humana. Em alguns casos, estes fenômenos não são adequadamente informados e comunicados aos clientes e usuários destes centros causando impactos negativos para a comunidade local.

Um exemplo deste tipo de situação ocorreu com a região de Alto Paraíso de Goiás, no período de dezembro de 1999 a março de 2000, quando surgiram “boatos” da incidência de casos de Febre Amarela no município.

Alto Paraíso foi deploravelmente alvo da quase destruição local com informação mal publicada. Localizada GO – 118, a 230 km de Brasília, a cidade de Alto Paraíso de Goiás é conhecida, principalmente, por seus atrativos naturais e é considerado um dos mais lindos cartões-postais do estado, com canyons, cachoeiras, fauna e flora do cerrado. Em seu território, abriga o centro de turismo mais importante da região: o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros.

A Febre Amarela, que é uma doença infecciosa, aguda, febril, de natureza viral, encontrada em países da África e Américas Central e do Sul, caracteriza-se clinicamente por manifestações de insuficiência hepática e renal, podendo levar à morte no período de 5 a 10 dias.

Em janeiro de 2000, época de alta temporada para o turismo, a cidade foi apontada erroneamente pela mídia brasileira como o foco epidêmico da Febre Amarela. A verdade é que não houve casos de morte ou de sintomas da doença em nenhum dos moradores do município. Todas as ocorrências da região foram de pessoas de fora que já chegavam lá com os sintomas, e o verdadeiro foco epidêmico era São Paulo, Minas e Brasília.

Na ocasião estavam acontecendo comemorações dos 500 anos do Brasil e as autoridades políticas, por preservação da imagem da capital federal, incriminaram o ponto turístico mais próximo da capital do país. Eles não queriam divulgar que a capital federal fosse foco de uma doença conhecida como “doença dos pobres”, por falta de vigilância e cuidados sanitários.

A mídia não buscou as informações verdadeiras e insistiu em divulgar algo errado. Para piorar a situação econômica do município, jornais de grande circulação no estado de Goiás publicavam, na mesma página, a tragédia da Febre Amarela em Alto Paraíso e a propagando de outro centro turístico, com o slogan: Venha para Caldas Novas, aqui não tem Febre Amarela.

O turismo na região recuou bruscamente, causando casos de desemprego e quase falência de muitos empresários. A informação a serviço do cidadão, a que se propõem os veículos de comunicação, foi manchada pela incoerência e falta de credibilidade por parte da mídia da época.

Ao analisarmos este caso podemos perceber os efeitos da mídia quando age de forma negativa e refletir sobre o processo de captação e divulgação das notícias, das informações e veracidade das fontes e os efeitos da ética e essa realidade na influência dos destinos turísticos. A mídia deve atuar de forma a evitar a “desinformação” e a exploração do sensacionalismo, os quais podem causar danos a demanda e sobrevivência das regiões afetadas.


http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/454/1/2004_MoemaPimentel.pdf

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